Arritmias cardíacas: Um desafio crescente para a saúde pública
O coração é um órgão que trabalha incansavelmente para manter a vida. Seu ritmo é resultado de impulsos elétricos coordenados que garantem batimentos regulares e eficientes. No entanto, esse sistema pode falhar — e quando isso acontece, surgem as chamadas arritmias cardíacas.
Nas últimas semanas, esse tema ganhou destaque na mídia, e não por acaso. Segundo especialistas, estamos vivendo uma verdadeira epidemia de arritmias, com crescimento expressivo no número de diagnósticos. A estimativa da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC) aponta que 20 milhões de brasileiros convivem com algum tipo dessa condição. O mais preocupante: muitos ainda não sabem.
O que é arritmia cardíaca e por que ela preocupa?
Arritmia é qualquer alteração no ritmo dos batimentos cardíacos. Isso pode significar que o coração está batendo rápido demais (taquicardia), devagar demais (bradicardia) ou de forma irregular. Embora algumas arritmias sejam benignas, outras estão associadas a riscos sérios, como acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência cardíaca e morte súbita.
A arritmia pode afetar qualquer pessoa, em qualquer idade, mas é mais comum em idosos, pessoas com histórico familiar de problemas cardíacos, e em indivíduos com hipertensão, diabetes, obesidade ou estresse crônico. O uso abusivo de álcool, cafeína, cigarro e até de medicamentos ou substâncias estimulantes também pode contribuir.
Principais tipos de arritmia: Conheça as diferenças
Existem diversos tipos de arritmias, cada uma com características próprias. As mais comuns incluem:
Fibrilação atrial: É a arritmia mais frequente e ocorre quando os átrios (câmaras superiores do coração) batem de forma irregular. Aumenta em até 5 vezes o risco de AVC.
Taquicardia supraventricular: Uma aceleração dos batimentos que se inicia acima dos ventrículos. Pode causar palpitações intensas e desconforto.
Extrassístoles: Batimentos “fora do compasso” que ocorrem precocemente. Muitas vezes são benignas, mas merecem investigação.
Bradicardia: Ritmo lento demais, que pode causar tonturas, fadiga e, em casos graves, perda de consciência.
Taquicardia ventricular: Grave e potencialmente fatal, exige intervenção médica imediata.
Sinais de alerta e diagnóstico precoce
Nem todas as arritmias causam sintomas evidentes. Quando presentes, os sinais podem incluir palpitações, tontura, falta de ar, cansaço excessivo, dor no peito ou desmaios. Um simples eletrocardiograma já pode revelar predisposições à arritmia. Exames como o Holter (monitoramento de 24h) e o ecocardiograma também ajudam a entender o comportamento elétrico e estrutural do coração. A escuta atenta do cardiologista, aliada aos exames corretos, é fundamental para um diagnóstico precoce.
Fatores de risco e como prevenir
Grande parte das arritmias pode ser evitada ou controlada com mudanças no estilo de vida. A prevenção passa por:
- Alimentação balanceada e pobre em gorduras saturadas e ultraprocessados
- Atividade física regular, adaptada à condição de cada pessoa
- Controle de pressão arterial, colesterol e glicemia
- Evitar o uso excessivo de cafeína, álcool, cigarro e energéticos
- Redução do estresse, com apoio emocional, terapias e bons hábitos de sono
Além disso, o acompanhamento cardiológico regular é essencial, especialmente para quem já tem fatores de risco.
Quando é hora de procurar ajuda médica
Se você sente que o coração está acelerado ou “fora do ritmo” com frequência, ou se tem episódios de tontura, fadiga sem explicação ou desmaios, não espere. Esses podem ser sinais de alerta. A busca por avaliação médica especializada pode prevenir complicações graves.
Mesmo que os sintomas sejam leves ou esporádicos, é melhor investigar e ter tranquilidade. Em muitos casos, o tratamento iniciado precocemente é mais simples e eficaz.
Avanços no tratamento e no monitoramento
O tratamento da arritmia varia conforme o tipo e a gravidade. Pode incluir:
- Uso de medicamentos antiarrítmicos
- Implante de marca-passo ou desfibrilador
- Ablação por cateter, que "desativa" a área do coração que está gerando a arritmia
- Tecnologias de monitoramento remoto, que acompanham o ritmo cardíaco à distância
Esses recursos, aliados ao acompanhamento contínuo, têm oferecido mais qualidade de vida e segurança aos pacientes.
Informação, prevenção e cuidado contínuo
As arritmias cardíacas não devem ser subestimadas. Estamos diante de um cenário que exige atenção da população, capacitação dos profissionais e fortalecimento da medicina preventiva.
A boa notícia é que, com informação, diagnóstico precoce e hábitos saudáveis, é possível controlar e até evitar muitos casos. O coração precisa de ritmo, mas também de cuidado e responsabilidade.
Se você tem dúvidas ou sintomas, procure um cardiologista. Ouvir o que o corpo tem a dizer pode ser o primeiro passo para uma vida mais longa e saudável.






