Câncer de mama e coração: a importância do cuidado cardiovascular durante e após o tratamento
Outubro é o mês em que o mundo se veste de rosa para reforçar a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do
câncer de mama, o tipo de câncer mais comum entre as mulheres em todo o mundo. Mas há um aspecto ainda pouco discutido nessa conversa: o impacto que o tratamento oncológico pode ter sobre o
coração.
Segundo o
Instituto Nacional de Câncer (INCA), o Brasil registra cerca
de 73 mil novos casos de câncer de mama por ano, o que representa aproximadamente 20% de todos os diagnósticos de câncer em mulheres, excluídos os tumores de pele não melanoma. A taxa de sobrevida tem aumentado graças aos avanços no diagnóstico precoce e nas terapias oncológicas, mas o cuidado não deve terminar com o fim do tratamento. Para muitas pacientes, o acompanhamento do coração é essencial, já que o tratamento pode impactar diretamente a saúde cardiovascular.
O que o câncer de mama tem a ver com o coração?
O elo entre o câncer de mama e o sistema cardiovascular está nas terapias utilizadas para combater o tumor. Medicamentos como as antraciclinas (doxorrubicina, por exemplo) e agentes-alquilantes, além da radioterapia na região torácica, podem causar cardiotoxicidade — ou seja, danos ao músculo cardíaco e às funções do coração.
Além disso, a radioterapia na região torácica, especialmente quando o lado esquerdo é tratado, pode afetar vasos e tecidos próximos, aumentando o risco de doença arterial coronariana anos após o término do tratamento. Isso significa que mesmo pacientes consideradas curadas do câncer devem manter o acompanhamento cardiológico regular.
O papel da cardio-oncologia e do acompanhamento multidisciplinar
A cardio-oncologia é uma área relativamente nova, mas essencial, que une oncologistas, cardiologistas, cirurgiões cardiovasculares, fisioterapeutas e nutricionistas em torno de um objetivo comum: proteger o coração durante e após o tratamento do câncer.
Esse acompanhamento começa antes mesmo da primeira sessão de quimioterapia, com uma avaliação cardiovascular pré-tratamento, que identifica pacientes com maior risco de complicações. Durante o tratamento, exames como o ecocardiograma ajudam a monitorar o desempenho do coração, permitindo intervenções precoces caso surjam alterações.
Após o tratamento, o seguimento deve continuar. Um estilo de vida saudável, controle da pressão arterial, prática de atividade física regular e alimentação equilibrada são pilares para preservar a função cardíaca e reduzir riscos futuros.
Cuidar do coração é também cuidar da vida
A jornada contra o câncer de mama é complexa e exige coragem, mas também integração entre especialidades médicas. A paciente que passa por um diagnóstico de câncer não deve ser vista apenas sob o olhar oncológico — ela é um ser integral, com corpo, mente e coração.
No Brasil, o SUS tem ampliado o acesso à atenção especializada e ao cuidado integrado, com políticas que fortalecem o acompanhamento de longo prazo das mulheres que venceram o câncer. Esse é um passo importante para garantir não apenas sobrevida, mas qualidade de vida.
Outubro Rosa é, portanto, mais do que um lembrete para o autoexame. É um convite para um olhar mais amplo sobre a saúde feminina: prevenir o câncer e cuidar do coração caminham juntos.










