Tudo sobre insuficiência cardíaca grave: sintomas, causas, diagnóstico e tratamento

Dr. Fernando Figueira • June 1, 2023

problema precocemente e iniciar o tratamento antes que a situação piore, colocando em risco a vida do paciente.

Dada a seriedade e o potencial risco da insuficiência cardíaca, é crucial que os pacientes, familiares, pessoas com histórico familiar da doença, ou aqueles que estão em risco, entendam o que é essa condição, quais são os sintomas, como é feito o diagnóstico e quais são as opções de tratamento.



O que é a insuficiência cardíaca grave?

A insuficiência cardíaca grave consiste em uma alteração no miocárdio que impede o bombeamento correto e suficiente do sangue para o corpo.


Os sintomas da insuficiência cardíaca grave vão depender diretamente do tipo de ocorrência, pois ela pode se apresentar de diferentes formas, como:

  • Insuficiência cardíaca crônica na qual o quadro se desenvolve gradualmente, geralmente por condições associadas, como a hipertensão arterial ou alterações anatômicas no órgão;
  • Insuficiência cardíaca descompensada, quando a condição crônica fica instável devido à falta de tratamento;
  • Insuficiência cardíaca congestiva, quando ocorre o acúmulo de líquidos nos pulmões, pernas e abdômen devido à má circulação sanguínea;
  • Insuficiência cardíaca grave, quando ocorre necessidade de internamentos frequentes por piora da insuficiência cardíaca e, a despeito de medicamentos e orientações, o paciente não mais consegue ter alta hospitalar.


Antes de conhecer quais são os sintomas da insuficiência cardíaca grave, entretanto, é importante entender como funciona o coração e quais são os tipos de insuficiência que podem acometê-lo.


O coração é formado por dois ventrículos, o esquerdo e o direito, dois átrios, esquerdo e direito, artéria aorta e artéria pulmonar.


O lado esquerdo do coração, juntamente com a artéria aorta, é responsável pelo bombeamento do sangue com oxigênio para o corpo, nutrindo as células.


O lado direito do coração bombeia o sangue para os pulmões por meio da artéria pulmonar, garantindo a absorção de oxigênio.


A insuficiência cardíaca grave refere-se ao coração que não consegue desempenhar uma ou ambas as funções corretamente. A patologia pode se manifestar como:

  • Insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFER – ou sistólica): consiste na incapacidade de ejeção do sangue para os tecidos devido a alterações na contração do músculo cardíaco;
  • Insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEP – ou diastólica): refere-se a problemas no relaxamento do coração, deixando o músculo enrijecido, o que prejudica a capacidade de se encher de sangue, ainda que a ejeção esteja adequada.


Em ambos os casos, o resultado é que o sangue se acumula na região, como nos pulmões, veias ou ambos, comprometendo a circulação sanguínea.



Quais são as causas da insuficiência cardíaca?

As causas da insuficiência cardíaca são diversas, sendo que algumas são modificáveis pelo paciente e outras não.


O paciente acometido por algumas cardiopatias está mais propenso a casos de insuficiência cardíaca grave. Entre elas estão:

  • Doença arterial coronariana, com obstrução parcial do fluxo sanguíneo até uma obstrução total (infarto);
  • Miocardite (inflamação do músculo cardíaco);
  • Infarto prévio;
  • Alterações na conexão entre as câmaras cardíacas, como em caso de defeito do septo ventricular;
  • Valvulopatias;
  • Distúrbios que acometem o sistema elétrico do coração;
  • Distúrbios que enrijecem o coração;
  • Histórico familiar de cardiopatias.


Além das alterações no funcionamento do coração em si, outras condições de saúde podem favorecer o desenvolvimento da insuficiência cardíaca, como: alguns distúrbios genéticos, hipertensão arterial, diabetes, insuficiência renal, distúrbios da tireoide, dislipidemia e anemia crônica.


Há ainda fatores comportamentais e ambientais, como uso de alguns tipos de medicamentos, como os quimioterápicos, ingestão de toxinas, como bebidas alcoólicas, tabagismo, sedentarismo e alimentação inadequada. 



Sintomas da insuficiência cardíaca grave

Os sintomas da insuficiência cardíaca grave podem variar bastante, dependendo do quão séria é a doença e de quais problemas específicos de saúde o paciente está enfrentando. Em geral, os sintomas tendem a piorar à medida que o paciente envelhece.


Um estudo da American Heart Association de 2019 confirmou que a incidência de insuficiência cardíaca aumenta com a idade. De fato, a maioria das pessoas hospitalizadas pela condição tem 65 anos ou mais.


O que torna esse quadro especialmente desafiador é que seus sintomas podem surgir lentamente, ao longo do tempo. Isso significa que as pessoas muitas vezes não associam os sintomas que estão enfrentando a um problema de coração. Os sintomas da insuficiência cardíaca podem incluir:

  • Falta de ar ao realizar atividades mais exaustivas e, progressivamente, em práticas cotidianas, como caminhar ou carregar peso e até em repouso;
  • Fadiga crônica que, em estágios mais avançados, ocorre mesmo em repouso;
  • Acúmulo de líquidos (edema) e inchaço nas pernas, especialmente ao final do dia;
  • Dor ou desconforto no peito, que se manifesta como aperto ou queimação;
  • Tosse seca, principalmente durante a noite;
  • Palpitação ou sensação de coração acelerado;
  • Calafrios;
  • Tonturas e desmaios;
  • Palidez ou coloração azulada na pele nas extremidades;
  • Confusão mental e prejuízo da memória.


Em idosos, os sintomas da insuficiência cardíaca grave podem ser mais variados, incluindo sonolência e desorientação.


Em casos de insuficiência cardíaca grave em estágio avançado, o paciente pode começar a apresentar a respiração de Cheyne-Stokes, que consiste em períodos curtos no qual o paciente para de respirar seguindo-se uma respiração mais rápida e profunda.


A respiração de Cheyne-Stokes ocorre devido à redução do fluxo sanguíneo nas regiões do cérebro responsáveis pela respiração.


Outra ocorrência associada à quadros avançados da condição é o edema pulmonar devido ao acúmulo de líquidos na região.


Além de dificuldade respiratória extrema, a condição inclui sintomas como pele azulada, inquietação, ansiedade e asfixia.


É possível ainda que haja a formação de coágulos sanguíneos nas câmaras do coração quando houver lesão ou comprometimento da função.


Em alguns casos, os sintomas incluem depressão devido às alterações hormonais que consistem em uma tentativa do corpo de compensar a disfunção cardíaca.


É comum que em quadros iniciais de insuficiência cardíaca o paciente apresente poucos sintomas e com manifestações leves, sendo que um sinal de alerta costuma ser a intensificação desses incômodos, principalmente quando houverem manifestações mesmo durante o repouso.


A insuficiência cardíaca grave também é uma forma de enquadrar eventos agudos e súbitos, como o próprio infarto do miocárdio.


Nesse caso, a progressão dos sintomas ocorre em poucos dias, com aumento da falta de ar, sensação de cansaço, formigamento e dormência no braço esquerdo e dor no peito que se manifesta como aperto ou queimação e que pode irradiar para pescoço, costas, braços e abdômen.


É importante explicar detalhadamente a manifestação da dor ao médico e quais são os sintomas associados, uma vez que os sinais do infarto são frequentemente confundidos com a dor estomacal intensa.


Quanto mais cedo os sintomas da insuficiência cardíaca grave são identificados pelo paciente e o auxílio médico acionado, menores as chances de manifestações mais graves e complicações.


Idealmente, homens e mulheres devem fazer acompanhamento cardiológico precoce, especialmente se compõem o grupo de risco para doenças cardíacas.



Diagnóstico da insuficiência cardíaca grave

O diagnóstico é baseado inicialmente nos sintomas da insuficiência cardíaca grave que são informados pelo paciente durante a anamnese.


Além disso, entretanto, podem ser solicitados exames que permitam confirmar o diagnóstico e detalhá-lo, como identificando a gravidade do quadro, tipo de insuficiência cardíaca e área do coração acometida. São alguns exames que auxiliam a etapa diagnóstica:

  • Radiografia do tórax;
  • Eletrocardiograma em repouso (ECG);
  • Ecocardiograma;
  • Prova de esforço (estresse);
  • Exames de sangue;
  • Tomografia computadorizada;
  • Ressonância magnética (RM);
  • Cateterismo cardíaco com angiografia.


A definição de qual o método diagnóstico mais apropriado depende diretamente da avaliação médica especializada do caso, incluindo: intensidade dos sintomas, idade do paciente, histórico médico e outros.


O diagnóstico precoce é viável mesmo quando o paciente ainda não apresenta sintomas da insuficiência cardíaca grave.


Nesses casos, é possível iniciar um tratamento preventivo bem como mudanças no estilo de vida que minimizem as chances de agravamento da condição cardíaca identificada.



Tratamento da insuficiência cardíaca grave

A definição do tratamento da insuficiência cardíaca grave varia conforme a gravidade do caso, complicações associadas, sintomas e idade do paciente.



Estilo de vida

Independentemente do caso, é comum que o paciente receba orientações relacionadas ao estilo de vida, tendo em vista a melhora do bem-estar e sobrevida.

Essas mudanças são benéficas em pacientes com risco cardíaco elevado ou mesmo para pessoas com predisposição de desenvolver insuficiência cardíaca. Algumas recomendações incluem:

  • Interromper o tabagismo;
  • Reduzir o consumo de bebidas alcóolicas;
  • Praticar atividades físicas regularmente;
  • Ter uma alimentação balanceada com redução do consumo de sal, açúcar e gorduras;
  • Fazer controle do peso.


Tais mudanças visam um estilo de vida mais saudável, o que favorece a saúde não apenas do coração, mas do organismo como um todo.



Medicamento

Existem diversas opções de terapias medicamentosas que podem ser prescritas pelo médico para aliviar a manifestação dos sintomas cardíacos e também para melhorar a sobrevida do paciente.


Alguns pacientes demandam terapia medicamentosa continua, como aqueles com infarto prévio, sendo indispensável o acompanhamento regular com cardiologista.



Terapias não-medicamentosas

Em geral, as terapias não-medicamentosas podem ser combinadas com uso de medicamentos para cardiopatias. Essas são indicações muito específicas e que dependem de avaliação cardíaca individual. Algumas condutas incluem:

  • Cardioversor desfibrilador implantável (CDI) – dispositivo que faz o monitoramento constantemente do ritmo cardíaco, aplicando o tratamento automaticamente quando identifica arritmias;
  • Terapia de ressincronização cardíaca – dispositivo implantável de coração que emite pulsos elétricos para sincronizar o ritmo das câmaras inferiores;
  • Suporte circulatório mecânico – consiste em bombas mecânicas acopladas ao coração para auxiliar ou substituir a função da bomba cardíaca comprometida pela insuficiência, mantendo o fluxo de sangue adequado.


As terapias para tratamento da insuficiência cardíaca grave podem ser usadas para restaurar a saúde do paciente, para intermediar um período crítico até estabilização do quadro, para estabilizar o quadro até um transplante cardíaco e outras funções, a depender do caso.



Cirurgia cardíaca

Existem diferentes tipos de cirurgia cardíacas que viabilizam restaurar a função cardíaca do paciente em casos de insuficiência cardíaca grave, como em alterações valvulares e outras. Incluem-se entre as cirurgias cardíacas: 

  • Cirurgia Valvar: Esta cirurgia visa reparar ou substituir as válvulas do coração que estão danificadas ou não funcionam corretamente. As válvulas do coração têm a importante função de permitir que o sangue flua em apenas uma direção através do coração. Quando elas não funcionam adequadamente, levam a sintomas de insuficiência cardíaca.
  • Cirurgia de Revascularização Miocárdica (Ponte de Safena): Essa cirurgia é feita para melhorar o fluxo sanguíneo para o coração. Durante o procedimento, o cirurgião usa um vaso sanguíneo de outra parte do corpo para criar um "desvio" ou "ponte" em torno das artérias coronárias bloqueadas. Isso ajuda a restaurar o suprimento de sangue adequado para o coração.
  • Cirurgia da Aorta: A aorta é a maior artéria do corpo e é responsável por levar o sangue rico em oxigênio do coração para o resto do corpo. 
  • Implante de Marcapassos e Cardiodesfibriladores: Esses dispositivos são implantados no corpo para ajudar a regular o ritmo do coração. Um marcapasso pode ser usado se o coração estiver batendo muito lentamente, enquanto um cardiodesfibrilador pode ser usado se o coração estiver batendo de forma irregular ou muito rápido. Ambos podem ajudar a prevenir complicações graves da insuficiência cardíaca, como uma parada cardíaca.


A indicação de cada uma dessas condutas depende sempre da avaliação especializada, considerando também os sintomas da insuficiência cardíaca grave.



Transplante cardíaco

Para casos de insuficiência cardíaca grave e irreversível, o cirurgião cardiovascular pode recomendar a realização do transplante cardíaco.


Existem diferentes critérios avaliados em bons candidatos para transplante cardíaco, incluindo estado geral de saúde, idade, gravidade e irreversibilidade da patologia cardíaca e outros.


Dadas as diferentes opções de tratamento para insuficiência cardíaca grave será sempre necessário que haja uma avaliação individualizada considerando as especificidades do caso.


Também pode ser indicado recorrer ao cirurgião cardiovascular para uma segunda opinião médica, com avaliação da recomendação inicial, especialmente se envolver procedimentos cirúrgicos de alta complexidade.



Prevenção da insuficiência cardíaca grave

A insuficiência cardíaca grave nem sempre pode ser evitada, especialmente quando relacionada a outras condições cardíacas e doenças em geral.


Entretanto, as chances de desenvolver a condição são significativamente menores para pessoas que, mesmo com predisposição, adotam medidas preventivas.


A prevenção da insuficiência cardíaca grave está relacionada principalmente a manutenção de um estilo de vida saudável e equilibrado, com cuidados como:

  • Praticar exercícios físicos regularmente;
  • Não fazer uso de substâncias tóxicas, incluindo tabaco e álcool;
  • Ter uma alimentação balanceada, priorizando a presença de vegetais, legumes, frutas, hortaliças, grãos, óleos saudáveis e cereais integrais;
  • Manter um sono de qualidade e investigar caso haja distúrbios do sono, como ronco, apneia e insônia;
  • Manter-se dentro do peso ideal, melhorando o IMC;
  • Diagnosticar, tratar e monitorar doenças que possam causar alterações cardíacas, como hipertensão, distúrbios da tireoide, diabetes e outras.


Além das orientações relacionadas aos fatores de risco modificáveis, o que inclui diferentes aspectos dos hábitos de vida, recomenda-se ainda que seja feito o acompanhamento médico regular para evitar agravamento ou complicação do caso.


A promoção da saúde geral do paciente é a melhor aliada à saúde cardíaca, sendo possível alcançá-la com cuidados diários associados à alimentação, descanso e condicionamento físico. 


A assistência cardiológica é importante para todas as pessoas e, quando precoce e preventiva, melhores são as chances de prognósticos favoráveis.


Pacientes com cardiopatias diagnosticadas ou mesmo em caso de sintomas da insuficiência cardíaca grave é fundamental ter o acompanhamento de profissionais capacitados e experientes.


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By Fernando Figueira July 27, 2025
O fígado e o coração são dois órgãos essenciais para o funcionamento do nosso corpo, desempenhando papéis que vão muito além do que imaginamos no dia a dia. Embora estejam em sistemas diferentes — o fígado no sistema digestivo e o coração no sistema circulatório — suas funções estão profundamente interligadas. O equilíbrio entre esses órgãos é fundamental para manter a saúde geral e prevenir o desenvolvimento de doenças crônicas que podem impactar a qualidade e a expectativa de vida. Neste mês, no dia 28 de julho, é celebrado o Dia Mundial da Hepatite , um momento importante para refletir sobre a prevenção, o diagnóstico e o tratamento das hepatites virais, que afetam diretamente o fígado. Mas essa data também serve para lembrar que as condições que comprometem o fígado podem afetar o coração e vice-versa por meio de processos inflamatórios, metabólicos e circulatórios que interligam esses órgãos. Como as doenças do fígado afetam o coração? Doenças hepáticas, sejam elas causadas por infecções virais como as hepatites B e C, ou por condições metabólicas como a esteatose hepática não alcoólica (popularmente conhecida como fígado gorduroso), podem desencadear uma série de alterações que impactam a saúde cardiovascular. O fígado é responsável por funções vitais, como o metabolismo de gorduras, a produção de proteínas plasmáticas (incluindo aquelas envolvidas na coagulação do sangue), e a regulação do equilíbrio energético do corpo. Quando o fígado está comprometido, essas funções são prejudicadas, gerando desequilíbrios que vão além do órgão em si. Por exemplo, a inflamação crônica associada a doenças hepáticas promove o aumento dos níveis de citocinas pró-inflamatórias circulantes, como o TNF-alfa e a interleucina-6, que contribuem para a disfunção endotelial — um fator chave no desenvolvimento da aterosclerose, ou seja, o acúmulo de placas nas paredes das artérias. Essas placas reduzem a elasticidade vascular e o fluxo sanguíneo, elevando o risco de doenças como hipertensão arterial , doença arterial coronariana , infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC) . Além disso, pacientes com esteatose hepática não alcoólica frequentemente apresentam síndrome metabólica — um conjunto de condições que inclui resistência à insulina, obesidade abdominal, dislipidemia e pressão alta — que são fatores de risco independentes para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Estudos indicam que a esteatose hepática aumenta significativamente o risco de mortalidade por causas cardiovasculares, mesmo quando controlados outros fatores tradicionais. Outro ponto importante são as alterações na coagulação do sangue. O fígado produz fatores que controlam a coagulação e a fibrinólise, e sua disfunção pode levar a um estado pró-trombótico, facilitando a formação de coágulos que podem obstruir vasos importantes, inclusive no coração e no cérebro. Por fim, as hepatites virais crônicas também estão associadas a um aumento do risco de arritmias cardíacas e insuficiência cardíaca, devido à inflamação sistêmica persistente e alterações no metabolismo lipídico. O tratamento eficaz dessas hepatites, com antivirais de ação direta, tem demonstrado reduzir eventos cardiovasculares a longo prazo, reforçando a importância do diagnóstico precoce e do manejo adequado. Quais sinais e sintomas merecem atenção? Embora muitas doenças hepáticas e cardíacas possam ser silenciosas nos estágios iniciais, alguns sintomas devem servir de alerta para procurar avaliação médica, como: Cansaço intenso e inexplicável; Inchaço nas pernas ou abdômen (ascite); Palpitações, falta de ar ou dor no peito; Icterícia (coloração amarelada na pele e olhos); Pressão arterial elevada ou difícil de controlar. A detecção precoce, com exames laboratoriais e de imagem, é fundamental para evitar complicações graves e garantir um tratamento eficaz. Como proteger seu fígado e seu coração de forma integrada? A boa notícia é que diversas medidas simples e práticas podem beneficiar tanto o fígado quanto o coração: Exames regulares : Avaliar a função hepática (enzimas TGO, TGP, GGT), perfil lipídico, glicemia e pressão arterial ajuda a identificar alterações precoces. Alimentação equilibrada : Reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados, açúcares e gorduras saturadas; priorizar frutas, vegetais, fibras e gorduras saudáveis (como azeite e oleaginosas). Atividade física regular : O exercício melhora a sensibilidade à insulina, reduz a gordura acumulada no fígado e fortalece o sistema cardiovascular. Moderação no álcool : O consumo excessivo prejudica diretamente o fígado e agrava o risco cardiovascular. Controle do estresse e sono adequado : Ambos influenciam a inflamação sistêmica e a saúde dos órgãos. Acompanhamento médico especializado : Em casos de hepatite ou outras doenças crônicas, o monitoramento conjunto com hepatologista e cardiologista é fundamental para ajustar tratamentos e prevenir complicações. Cuidar do fígado é proteger o coração E ntender a conexão entre fígado e coração é fundamental para uma abordagem de saúde mais completa e eficaz. A prevenção integrada, que considera os dois órgãos e o corpo como um sistema único, é o caminho para evitar doenças graves e viver com mais qualidade. Neste mês em que reforçamos a importância da prevenção da hepatite, aproveite para cuidar também da sua saúde cardiovascular. Marque seus exames, mantenha hábitos saudáveis e busque acompanhamento médico regular, o seu coração e o seu fígado agradecem.
By Fernando Figueira June 29, 2025
O envelhecimento populacional é uma das grandes transformações demográficas do século XXI. Com o avanço da medicina, da tecnologia e do acesso à saúde, as pessoas vivem mais e, muitas vezes, com múltiplas comorbidades crônicas. Em meio a esse cenário, cresce a presença de pacientes idosos com doenças cardíacas estruturais potencialmente tratáveis por cirurgia. A pergunta que se impõe é: até que ponto operar é a melhor escolha? A cirurgia cardiovascular em idosos é um campo desafiador, que exige equilíbrio entre conhecimento técnico, sensibilidade clínica e respeito à individualidade. Mais do que a idade cronológica, é preciso avaliar a funcionalidade, a fragilidade, o contexto social e os objetivos de vida de cada paciente. O perfil do novo idoso Segundo dados do IBGE, o Brasil já possui mais de 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, e esse número deve dobrar até 2050. Com isso, não é raro encontrarmos pacientes octogenários ativos, autônomos e engajados em sua própria saúde. No entanto, a presença de doenças cardiovasculares aumenta com a idade, especialmente as doenças valvares degenerativas (como a estenose aórtica), a doença arterial coronariana e as arritmias. Muitas dessas condições têm indicação cirúrgica formal, mesmo em pacientes com idade avançada. Fragilidade: o fator que muda tudo Uma das grandes viradas na avaliação pré-operatória foi a incorporação do conceito de fragilidade — uma síndrome clínica que reflete vulnerabilidade fisiológica e reserva funcional reduzida. Um paciente idoso pode ter 82 anos e ainda assim não ser frágil, enquanto outro de 74 anos pode apresentar perda muscular, dificuldade de locomoção, desnutrição e declínio cognitivo. Avaliar a fragilidade não é uma etapa burocrática, mas sim determinante para prever risco de complicações, tempo de internação, capacidade de reabilitação e até sobrevida. Ferramentas como o índice de fragilidade clínica (CFS) ou testes de velocidade da marcha ajudam a compor esse cenário. Leia também: O que é cirurgia cardiovascular? Cirurgia convencional, minimamente invasiva ou transcateter? A tomada de decisão cirúrgica em idosos envolve também a escolha da melhor abordagem . Em casos de estenose aórtica grave , por exemplo, a cirurgia convencional ainda é padrão ouro em pacientes de baixo risco. No entanto, o avanço da TAVI (implante valvar aórtico transcateter) expandiu as possibilidades para idosos com risco cirúrgico elevado ou contraindicação a procedimentos abertos. Da mesma forma, técnicas minimamente invasivas para troca mitral ou revascularização do miocárdio podem reduzir tempo de internação, sangramento e dor no pós-operatório. O desafio está em individualizar a conduta , evitando tanto o excesso de zelo que posterga intervenções benéficas quanto a imprudência de indicar cirurgias em quem não suportaria o impacto. Quando a cirurgia transforma vidas É importante lembrar que muitos idosos chegam à consulta com limitações severas de qualidade de vida, cansaço aos mínimos esforços, edemas, angina, síncopes. Nesses casos, a cirurgia não é apenas um tratamento, mas um divisor de águas na trajetória do paciente. Quando bem indicada e conduzida por equipe experiente, pode devolver autonomia e ampliar a expectativa de vida com qualidade. Estudos como o STS Adult Cardiac Surgery Database mostram que a mortalidade operatória em octogenários caiu significativamente nos últimos 20 anos, graças a melhorias nos cuidados perioperatórios, na anestesia e na seleção dos casos. Ou seja, a idade isoladamente não deve ser fator de exclusão . Decisão compartilhada: ética e escuta Em um cenário de tantas variáveis, a decisão compartilhada ganha protagonismo. É papel do cirurgião explicar com clareza os riscos e benefícios de cada opção, inclusive da escolha por não operar. A participação da família, da equipe multidisciplinar e, sobretudo, do próprio paciente é essencial para respeitar valores, expectativas e desejos. Não é raro que a resposta esteja no meio do caminho: ajustar medicações, avaliar funcionalidade com fisioterapia pré-operatória, planejar uma cirurgia menos invasiva ou, em alguns casos, optar por cuidados paliativos com foco no conforto. A cirurgia cardíaca em pacientes idosos exige mais do que técnica. Exige escuta, bom senso, individualização e, acima de tudo, respeito pela dignidade de cada pessoa. Em um mundo onde viver mais é uma realidade, o desafio agora é garantir que essa vida longa também seja vivida com qualidade, segurança e autonomia e, para muitos, a cirurgia cardiovascular pode ser o caminho para isso. Quer saber se a cirurgia é indicada para você ou um familiar idoso? Agende uma consulta pelo nosso formulário de contato ou veja mais informações sobre consultas pré-operatórias . 
By Fernando Figueira June 27, 2025
Conheça os avanços do xenotransplante cardíaco e como o coração de porco pode ser a próxima fronteira da medicina cardiovascular.
By Fernando Figueira May 31, 2025
O coração é um órgão que trabalha incansavelmente para manter a vida. Seu ritmo é resultado de impulsos elétricos coordenados que garantem batimentos regulares e eficientes. No entanto, esse sistema pode falhar — e quando isso acontece, surgem as chamadas arritmias cardíacas. Nas últimas semanas, esse tema ganhou destaque na mídia, e não por acaso. Segundo especialistas, estamos vivendo uma verdadeira epidemia de arritmias, com crescimento expressivo no número de diagnósticos. A estimativa da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC) aponta que 20 milhões de brasileiros convivem com algum tipo dessa condição. O mais preocupante: muitos ainda não sabem. O que é arritmia cardíaca e por que ela preocupa? Arritmia é qualquer alteração no ritmo dos batimentos cardíacos. Isso pode significar que o coração está batendo rápido demais (taquicardia), devagar demais (bradicardia) ou de forma irregular. Embora algumas arritmias sejam benignas, outras estão associadas a riscos sérios, como acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência cardíaca e morte súbita. A arritmia pode afetar qualquer pessoa, em qualquer idade, mas é mais comum em idosos, pessoas com histórico familiar de problemas cardíacos, e em indivíduos com hipertensão, diabetes, obesidade ou estresse crônico. O uso abusivo de álcool, cafeína, cigarro e até de medicamentos ou substâncias estimulantes também pode contribuir. Principais tipos de arritmia: Conheça as diferenças Existem diversos tipos de arritmias, cada uma com características próprias. As mais comuns incluem: Fibrilação atrial: É a arritmia mais frequente e ocorre quando os átrios (câmaras superiores do coração) batem de forma irregular. Aumenta em até 5 vezes o risco de AVC. Taquicardia supraventricular: Uma aceleração dos batimentos que se inicia acima dos ventrículos. Pode causar palpitações intensas e desconforto. Extrassístoles: Batimentos “fora do compasso” que ocorrem precocemente. Muitas vezes são benignas, mas merecem investigação. Bradicardia: Ritmo lento demais, que pode causar tonturas, fadiga e, em casos graves, perda de consciência. Taquicardia ventricular: Grave e potencialmente fatal, exige intervenção médica imediata. Sinais de alerta e diagnóstico precoce Nem todas as arritmias causam sintomas evidentes. Quando presentes, os sinais podem incluir palpitações, tontura, falta de ar, cansaço excessivo, dor no peito ou desmaios. Um simples eletrocardiograma já pode revelar predisposições à arritmia. Exames como o Holter (monitoramento de 24h) e o ecocardiograma também ajudam a entender o comportamento elétrico e estrutural do coração. A escuta atenta do cardiologista, aliada aos exames corretos, é fundamental para um diagnóstico precoce. Fatores de risco e como prevenir Grande parte das arritmias pode ser evitada ou controlada com mudanças no estilo de vida. A prevenção passa por: Alimentação balanceada e pobre em gorduras saturadas e ultraprocessados Atividade física regular, adaptada à condição de cada pessoa Controle de pressão arterial, colesterol e glicemia Evitar o uso excessivo de cafeína, álcool, cigarro e energéticos Redução do estresse, com apoio emocional, terapias e bons hábitos de sono Além disso, o acompanhamento cardiológico regular é essencial, especialmente para quem já tem fatores de risco. Quando é hora de procurar ajuda médica Se você sente que o coração está acelerado ou “fora do ritmo” com frequência, ou se tem episódios de tontura, fadiga sem explicação ou desmaios, não espere. Esses podem ser sinais de alerta. A busca por avaliação médica especializada pode prevenir complicações graves. Mesmo que os sintomas sejam leves ou esporádicos, é melhor investigar e ter tranquilidade. Em muitos casos, o tratamento iniciado precocemente é mais simples e eficaz. Avanços no tratamento e no monitoramento O tratamento da arritmia varia conforme o tipo e a gravidade. Pode incluir: Uso de medicamentos antiarrítmicos Implante de marca-passo ou desfibrilador Ablação por cateter, que "desativa" a área do coração que está gerando a arritmia Tecnologias de monitoramento remoto, que acompanham o ritmo cardíaco à distância Esses recursos, aliados ao acompanhamento contínuo, têm oferecido mais qualidade de vida e segurança aos pacientes. Informação, prevenção e cuidado contínuo As arritmias cardíacas não devem ser subestimadas. Estamos diante de um cenário que exige atenção da população, capacitação dos profissionais e fortalecimento da medicina preventiva. A boa notícia é que, com informação, diagnóstico precoce e hábitos saudáveis, é possível controlar e até evitar muitos casos. O coração precisa de ritmo, mas também de cuidado e responsabilidade. Se você tem dúvidas ou sintomas, procure um cardiologista. Ouvir o que o corpo tem a dizer pode ser o primeiro passo para uma vida mais longa e saudável. 
By Fernando Figueira May 24, 2025
Por muito tempo, acreditou-se que o infarto agudo do miocárdio era uma condição que acometia, prioritariamente, homens acima dos 50 anos, com histórico familiar e estilo de vida sedentário. No entanto, essa percepção está mudando rapidamente. Os casos de infarto em adultos jovens, especialmente aqueles com menos de 40 anos, têm crescido de maneira preocupante nos últimos anos. E esse aumento acende um sinal de alerta importante tanto para a sociedade quanto para os profissionais de saúde: estamos falhando na prevenção precoce? O que revelam as estatísticas Dados do Ministério da Saúde mostram que, entre os anos 2000 e 2024, houve um crescimento de 180% nas internações por infarto em jovens brasileiros com menos de 40 anos. Na faixa etária entre 35 e 39 anos, esse número saltou de 9,3 para 18 casos por 100 mil habitantes — um aumento de quase 80%. É uma mudança brusca no perfil epidemiológico da doença cardiovascular, tradicionalmente ligada ao envelhecimento. Os fatores de risco permanecem os mesmos: tabagismo, sedentarismo, alimentação rica em gorduras saturadas, hipertensão arterial, diabetes e colesterol alto. No entanto, entre os mais jovens, outros aspectos vêm ganhando protagonismo, como o uso de anabolizantes, drogas ilícitas, o estresse crônico associado à hiperprodutividade e ao desemprego, e o uso excessivo de cigarro eletrônico (vape), muitas vezes erroneamente considerado inofensivo. O impacto das redes sociais e da pressão estética também tem incentivado práticas nocivas à saúde, como dietas extremamente restritivas, automedicação e uso indiscriminado de substâncias para emagrecimento rápido. Soma-se a isso o baixo índice de acompanhamento médico regular entre os jovens, que acabam negligenciando sintomas iniciais como dor no peito, cansaço extremo e palpitações. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, mais de 30% dos jovens com infarto não apresentam fatores de risco tradicionais. Isso significa que há um número significativo de pacientes jovens com eventos cardiovasculares graves sem o "perfil clássico", o que dificulta ainda mais a prevenção e o diagnóstico precoce. Além disso, estudos internacionais apontam que jovens que sofrem infarto têm maior probabilidade de complicações emocionais e psicológicas no pós-evento, como ansiedade, depressão e medo recorrente de morte súbita. Saúde cardiovascular não tem idade A principal questão que se impõe é: estamos preparados para enfrentar um infarto precoce? A maioria dos serviços de saúde ainda considera o infarto como uma doença de idosos. Isso faz com que os sintomas em jovens sejam, muitas vezes, subestimados tanto pelos próprios pacientes quanto pelos profissionais da saúde. O tempo até o diagnóstico e o início do tratamento costuma ser maior, o que aumenta o risco de sequelas e até de óbito. Outro problema é que muitos planos de saúde ou programas públicos de triagem não priorizam essa faixa etária para exames cardiológicos, o que dificulta a detecção precoce de doenças coronarianas silenciosas.  É urgente repensar nossa abordagem em relação à saúde cardiovascular de jovens adultos. Programas educativos sobre hábitos saudáveis, campanhas direcionadas para essa faixa etária e inclusão de check-ups cardiológicos em exames de rotina são fundamentais. Além disso, é necessário que os profissionais da saúde estejam mais atentos aos sinais e sintomas relatados por esses pacientes, mesmo que não apresentem os fatores de risco clássicos. O infarto em jovens já não é exceção, é uma realidade. E como sociedade, precisamos reagir a isso com informação, prevenção e acolhimento.
By Fernando Figueira May 1, 2025
O diabetes é uma ameaça silenciosa ao coração. Enquanto a maioria dos pacientes se preocupa com os níveis de açúcar no sangue, muitos não percebem que o verdadeiro perigo está no impacto cardiovascular da doença. Estudos mostram que pessoas com diabetes têm até 4 vezes mais risco de infarto e AVC. Este artigo revela como o diabetes danifica o coração, quais os novos tratamentos que protegem o sistema cardiovascular e como fazer uma prevenção eficaz. Como o diabetes destrói seu coração A conexão entre diabetes e doenças cardíacas começa com três processos perigosos: Inflamação crônica e estresse oxidativo: O excesso de glicose no sangue desencadeia uma resposta inflamatória que danifica as paredes das artérias, acelerando a formação de placas de aterosclerose. Disfunção endotelial: O revestimento interno dos vasos sanguíneos (endotélio) perde sua capacidade de relaxar, aumentando a pressão arterial e reduzindo o fluxo sanguíneo. Cardiomiopatia diabética: O coração fica mais rígido e menos eficiente, podendo levar à insuficiência cardíaca mesmo sem obstruções nas artérias. Os novos tratamentos que protegem o coração A medicina moderna trouxe uma mudança de paradigma no tratamento do diabetes, indo muito além do simples controle glicêmico. Hoje, dispomos de medicamentos que não só regulam o açúcar no sangue, mas oferecem proteção cardiovascular comprovada - um avanço essencial, já que problemas cardíacos são a principal causa de morte em pacientes diabéticos. Inibidores de SGLT-2: Proteção cardíaca com múltiplos benefícios A empagliflozina, dapagliflozina e canagliflozina representam essa classe inovadora. Seu mecanismo de ação único promove a eliminação de glicose pela urina, mas seus benefícios cardíacos vão além: Redução de 38% na mortalidade cardiovascular (estudo EMPA-REG OUTCOME) Queda de 35% nas hospitalizações por insuficiência cardíaca Efeito diurético suave que alivia o coração sobrecarregado Proteção renal, reduzindo a progressão da doença renal diabética O mais impressionante? Esses benefícios são independentes do controle glicêmico, sugerindo mecanismos diretos de proteção cardiovascular. Agonistas de GLP-1: Controle glicêmico com vantagens cardíacas A semaglutida, liraglutida e dulaglutida agem no sistema incretínico, oferecendo: Redução de 26% em eventos cardiovasculares maiores (infarto, AVC, morte cardiovascular - estudo SUSTAIN-6) Perda de peso significativa, até 10-15% do peso corporal com doses mais altas Melhora da função endotelial e redução da inflamação vascular Controle glicêmico superior com menor risco de hipoglicemias Cuidados simples que fazem toda diferença Se você tem diabetes, sabe que controlar o açúcar no sangue é importante. Mas o que muitos não contam é que o verdadeiro perigo está no coração. A boa notícia? Com alguns cuidados básicos, dá para viver bem e manter seu coração saudável por muitos anos. O segredo está em quatro pilares simples. Primeiro, fique de olho na pressão arterial. Medir regularmente e manter abaixo de 13/8 já reduz muito os riscos. Segundo, controle o colesterol - principalmente o LDL, que deve ficar abaixo de 70 se você já tiver algum problema cardíaco. Terceiro, não deixe de fazer os exames preventivos, como aquele ultrassom do coração que o médico pede. E quarto, mexa-se! Caminhar meia hora por dia já faz uma diferença enorme.  A medicina hoje oferece remédios modernos que vão além de controlar o açúcar - alguns protegem diretamente o coração, enquanto outros ajudam a perder peso e melhoram a saúde como um todo. O importante é conversar com seu médico sobre essas opções. Lembre-se: pequenas mudanças trazem grandes resultados. Comece medindo sua pressão essa semana, marque aquele check-up que está adiando e vá incluindo hábitos mais saudáveis no seu dia a dia. Seu coração agradece - e você vai sentir a diferença! O diabetes não precisa controlar sua vida. Com informação simples e atitudes práticas, você pode tomar as rédeas da sua saúde. Que tal começar hoje mesmo?
By Fernando Figueira May 1, 2025
A estenose aórtica severa é uma das doenças cardíacas mais comuns em idosos , afetando cerca de 3-5% da população acima de 75 anos. Com o envelhecimento global, a busca por tratamentos menos invasivos cresceu, e o TAVI (Implante Percutâneo de Válvula Aórtica) surgiu como uma revolução. Mas quando ele é realmente melhor que a cirurgia aberta? Neste artigo, vamos fazer o comparativo entre TAVI vs. Cirurgia de troca valvar (SAVR) com base nas últimas evidências científicas e diretrizes de 2024, ajudando pacientes e familiares a entender qual abordagem é mais indicada para cada caso. O que é estenose aórtica severa? A estenose aórtica severa é uma condição cardiovascular crítica caracterizada pelo estreitamento progressivo da válvula aórtica, a estrutura que regula o fluxo sanguíneo do coração para o resto do corpo. Esse processo de estreitamento, que pode ser causado por degeneração relacionada à idade, calcificação valvar ou anomalias congênitas, cria uma obstrução significativa que força o coração a trabalhar com muito mais intensidade para bombear sangue adequadamente. À medida que a doença avança para estágios mais graves, os pacientes começam a apresentar sintomas debilitantes. A falta de ar (dispneia), especialmente durante esforços físicos, é um dos primeiros sinais, resultante da incapacidade do coração de atender à demanda aumentada de oxigênio do corpo. A dor no peito (angina) também é comum, ocorrendo quando o músculo cardíaco, sobrecarregado, não recebe sangue suficiente. Em casos mais avançados, episódios de desmaios (síncope) podem acontecer devido à redução abrupta do fluxo sanguíneo cerebral, especialmente durante atividades que exigem maior esforço cardíaco. Se não for tratada, a estenose aórtica severa leva a complicações graves, como insuficiência cardíaca, na qual o coração se torna progressivamente mais fraco e incapaz de bombear sangue eficientemente. Estudos mostram que, uma vez que os sintomas se manifestam, a sobrevida média sem tratamento é de apenas 2 a 3 anos, com risco elevado de morte súbita cardíaca. Cirurgia de troca valvar: Técnica, vantagens e limitações A cirurgia de troca valvar aórtica aberta, conhecida como SAVR, é realizada através de uma esternotomia - uma incisão no osso esterno que permite o acesso direto ao coração. Durante o procedimento, a válvula aórtica danificada é completamente removida e substituída por uma prótese, que pode ser mecânica ou biológica, dependendo das características do paciente. Uma das principais vantagens da cirurgia de troca valvar aórtica (SAVR) é sua comprovada durabilidade. As válvulas mecânicas utilizadas nesse procedimento podem durar toda a vida, desde que o paciente mantenha de forma eficiente o uso da terapia anticoagulante. Já as válvulas biológicas apresentam uma vida útil média de aproximadamente 10 anos. Essa longevidade torna a SAVR o padrão-ouro para pacientes mais jovens, especialmente aqueles com menos de 65 anos, que podem se beneficiar de uma solução mais duradoura. No entanto, a cirurgia aberta apresenta algumas limitações importantes. Por se tratar de um procedimento mais invasivo, que requer circulação extracorpórea, o risco cirúrgico é significativamente maior, especialmente para pacientes idosos ou aqueles com múltiplas comorbidades. Além disso, o período de recuperação pós-operatório é consideravelmente mais longo, exigindo geralmente 4 semanas para que o paciente possa retomar suas atividades normais, em contraste com abordagens menos invasivas. TAVI: Técnica, benefícios e evidências atuais O TAVI (Implante Percutâneo de Válvula Aórtica) é realizado através de um cateter que pode ser inserido pela virilha (acesso femoral) ou por acesso vascular, dispensando a necessidade de abrir o tórax como na cirurgia convencional. Esta abordagem minimamente invasiva oferece importantes vantagens, como a ausência de grandes incisões, permitindo alta hospitalar em apenas 2-3 dias e uma recuperação significativamente mais rápida, com muitos pacientes retomando suas atividades em 1-2 semanas. Essas características fazem do TAVI uma opção particularmente vantajosa para pacientes de alto risco, incluindo idosos, indivíduos frágeis ou aqueles com múltiplas doenças associadas. Contudo, o procedimento não está isento de limitações. Entre as principais desvantagens destacam-se o risco de 10-15% de necessidade de implante permanente de marcapasso pós-procedimento e questões sobre a durabilidade das válvulas, que atualmente apresentam vida útil estimada entre 8 e 12 anos, período ainda em estudo. As evidências mais recentes demonstram que o TAVI apresenta menor mortalidade em um ano quando comparado à cirurgia convencional (SAVR) em pacientes de baixo risco. Esses achados foram incorporados às Diretrizes Europeias de 2023, que agora recomendam o TAVI como primeira linha para pacientes acima de 75 anos, mantendo a SAVR como opção preferencial para pacientes mais jovens. O desenvolvimento tecnológico contínuo tem trazido avanços significativos, com novos modelos de válvulas que apresentam melhor desempenho com redução de complicações como vazamentos valvares e resultados clínicos superiores. Como escolher entre TAVI e cirurgia aberta A escolha entre o TAVI e a cirurgia aberta de troca valvar deve ser individualizada, considerando diversos fatores clínicos e pessoais. A idade e o risco cirúrgico são determinantes cruciais - enquanto o TAVI se mostra mais vantajoso para pacientes idosos ou com maior risco cirúrgico, a cirurgia aberta continua sendo a opção preferencial para pacientes mais jovens. Outro aspecto fundamental é a avaliação da anatomia vascular, pois o TAVI requer artérias com características adequadas para a passagem do cateter. A expectativa de vida do paciente também pesa na decisão, já que as válvulas mecânicas utilizadas na cirurgia aberta oferecem maior durabilidade. Por fim, mas não menos importante, é essencial considerar a preferência do paciente, equilibrando o desejo por uma recuperação mais rápida (TAVI) com a expectativa de maior durabilidade (cirurgia aberta). Olhando para o futuro, percebemos perspectivas animadoras com o desenvolvimento de novas tecnologias. As válvulas reposicionáveis e redutíveis prometem reduzir significativamente o risco de complicações durante o procedimento. A integração de inteligência artificial no TAVI está aprimorando a precisão do posicionamento valvar, enquanto as biopróteses de última geração buscam aumentar a durabilidade dos implantes. Esses avanços estão transformando o cenário do tratamento da estenose aórtica, oferecendo opções cada vez mais seguras e eficazes para diferentes perfis de pacientes.  Qual é a melhor opção? A decisão entre TAVI e cirurgia aberta (SAVR) não é universal, mas sim individualizada, baseada em uma análise cuidadosa de idade, condições clínicas, anatomia vascular e expectativas do paciente. Para idosos ou pacientes de alto risco, o TAVI oferece vantagens significativas, como menor invasividade e recuperação acelerada, enquanto pacientes mais jovens e com baixo risco cirúrgico podem se beneficiar mais da durabilidade comprovada da cirurgia aberta. Além disso, fatores como anatomia vascular, que fundamental para o sucesso do TAVI e a necessidade, ou não de terapia anticoagulante prolongada comum em válvulas mecânicas, também influenciam a escolha. Com os avanços tecnológicos, como válvulas reposicionáveis e sistemas guiados por IA, o TAVI tem se expandido para novos grupos de pacientes, mas a cirurgia convencional mantém seu papel essencial, especialmente em casos complexos. A melhor opção só pode ser determinada após avaliação detalhada por um especialista em cardiologia intervencionista e cirurgia cardíaca – agende uma consulta para discutir qual abordagem é ideal para o seu caso.
By Fernando Figueira March 31, 2025
A medicina está passando por uma revolução silenciosa, e a inteligência artificial (IA) é uma das protagonistas dessa transformação. Na cirurgia cardiovascular, área que lida com alguns dos procedimentos mais complexos e delicados do corpo humano, a IA está trazendo avanços que pareciam ficção científica há poucos anos. Desde o planejamento pré-operatório até a recuperação pós-cirúrgica, a tecnologia está ajudando a salvar vidas, reduzir complicações e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Neste artigo, vamos explorar como a IA está sendo aplicada na cirurgia cardiovascular, os benefícios já observados e o que esperar para o futuro. Planejamento cirúrgico com precisão milimétrica Um dos maiores desafios da cirurgia cardiovascular é o planejamento preciso de cada procedimento. A IA está revolucionando essa etapa ao analisar imagens médicas, como angiotomografias e ressonâncias magnéticas, com uma precisão impressionante. Algoritmos de IA conseguem mapear a anatomia do coração e dos vasos sanguíneos em detalhes, identificando áreas de risco, como placas ateroscleróticas ou malformações. Isso permite que o cirurgião planeje a abordagem mais segura e eficaz, reduzindo o tempo de cirurgia e os riscos de complicações. Por exemplo, em procedimentos como a colocação de stents ou a reparação valvar, a IA pode simular diferentes cenários e prever os resultados de cada abordagem, ajudando a equipe a escolher a melhor estratégia. Cirurgia robótica e assistida por IA A cirurgia robótica já é uma realidade em muitos centros de excelência ao redor do mundo, e a IA está tornando esses procedimentos ainda mais precisos. Robôs cirúrgicos, guiados por algoritmos de IA, permitem movimentos mais delicados e precisos do que as mãos humanas, especialmente em áreas de difícil acesso. Em cirurgias cardíacas minimamente invasivas , como a revascularização miocárdica ou a troca valvar, a IA ajuda a guiar os instrumentos com base em dados em tempo real, reduzindo o risco de danos aos tecidos circundantes. Além disso, sistemas de IA podem alertar o cirurgião sobre possíveis complicações durante o procedimento, como sangramentos ou alterações na pressão arterial. Monitoramento pós-operatório inteligente A recuperação pós-cirúrgica é uma fase crítica, e a IA está transformando a forma como monitoramos os pacientes. Dispositivos vestíveis (wearables) e sensores conectados à IA podem acompanhar sinais vitais, como frequência cardíaca, pressão arterial e níveis de oxigênio, em tempo real. Esses sistemas são capazes de detectar anomalias, como arritmias ou sinais de infecção, antes que se tornem problemas graves. Em alguns casos, a IA pode até sugerir ajustes na medicação ou no plano de recuperação, personalizando o cuidado para cada paciente. Um exemplo prático é o uso de algoritmos de IA para prever a ocorrência de fibrilação atrial pós-operatória, uma complicação comum após cirurgias cardíacas. Com essa informação, a equipe médica pode tomar medidas preventivas, como ajustes na medicação anticoagulante. Personalização do tratamento Cada paciente é único, e a IA está ajudando a criar planos de tratamento personalizados. Ao analisar grandes volumes de dados, como histórico médico, exames de imagem e até informações genéticas, a IA pode prever como um paciente responderá a diferentes tratamentos ou procedimentos. Por exemplo, em casos de insuficiência cardíaca, a IA pode ajudar a determinar se o paciente se beneficiaria mais de uma cirurgia de revascularização, de um dispositivo de assistência ventricular ou de um transplante cardíaco. Essa personalização não só melhora os resultados, mas também reduz custos e otimiza o uso de recursos hospitalares. Desafios e futuro Apesar dos avanços, o uso da IA na cirurgia cardiovascular ainda enfrenta desafios. Questões éticas, como a privacidade dos dados e a responsabilidade em caso de erros, precisam ser cuidadosamente discutidas. Além disso, a integração dessas tecnologias requer treinamento e adaptação por parte das equipes médicas. No entanto, o futuro é promissor. Tendências como a integração da IA com realidade aumentada e impressão 3D estão no horizonte, prometendo procedimentos ainda mais precisos e menos invasivos. Imagine um cirurgião usando óculos de realidade aumentada para visualizar, em tempo real, a anatomia do coração sobreposta ao paciente, com orientações da IA para cada movimento. A inteligência artificial já está transformando a cirurgia cardiovascular, trazendo mais precisão, segurança e personalização para os procedimentos. Enquanto os desafios existem, os benefícios são inegáveis, e o potencial para o futuro é imenso. Como profissionais da saúde, é nosso papel acompanhar essas inovações e garantir que sejam usadas de forma ética e eficaz para o benefício dos pacientes. A tecnologia não substitui o conhecimento e a experiência humana, mas certamente pode ampliá-los, ajudando a salvar mais vidas e a melhorar a qualidade do cuidado. Se você é um colega da área ou um paciente curioso sobre o futuro da medicina, continue acompanhando o blog para mais atualizações sobre os avanços que estão moldando a cirurgia cardiovascular. O futuro já começou, e ele é fascinante.
By Fernando Figueira March 24, 2025
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By Fernando Figueira February 21, 2025
A saúde cardiovascular é um tema que ganha cada vez mais relevância, especialmente quando falamos de doenças coronárias. Como cirurgião cardiovascular com vasta experiência em procedimentos coronários, vejo diariamente como a idade influencia o desenvolvimento e o tratamento dessas condições . Neste artigo, vou explorar a relação entre a incidência de doenças coronárias e a idade, além de discutir os tratamentos mais modernos e eficazes disponíveis hoje. A Influência da Idade nas Doenças Coronárias As artérias coronárias são responsáveis por levar oxigênio e nutrientes ao músculo cardíaco. Com o passar dos anos, é natural que essas artérias sofram alterações, como o acúmulo de placas de gordura (aterosclerose), que podem levar ao estreitamento ou bloqueio do fluxo sanguíneo. Estudos mostram que a incidência de doenças coronárias aumenta significativamente após os 45 anos em homens e 55 anos em mulheres. Isso ocorre devido a uma combinação de fatores, como envelhecimento vascular, diminuição da elasticidade das artérias e maior predisposição a condições como hipertensão, diabetes e colesterol alto. No entanto, é importante ressaltar que a idade não é um destino imutável. Com cuidados preventivos e tratamentos adequados, é possível manter a saúde coronária mesmo em idades mais avançadas. Tratamentos Modernos para Doenças Coronárias Como especialista em cirurgia cardiovascular, tenho acompanhado de perto os avanços no tratamento das doenças coronárias. Hoje, contamos com opções que vão desde procedimentos minimamente invasivos até cirurgias mais complexas, dependendo do caso. Abaixo, destaco as principais abordagens: 1. Angioplastia Coronária com Stent Um dos tratamentos mais comuns para desobstruir artérias coronárias é a angioplastia. Nesse procedimento, um cateter com um balão é inserido na artéria bloqueada para expandi-la, e um stent (uma pequena malha metálica) é colocado para manter o vaso aberto. Esse método é especialmente eficaz em pacientes com bloqueios moderados e pode ser realizado com técnicas minimamente invasivas. 2. Cirurgia de Revascularização Miocárdica (Ponte de Safena) Para casos mais graves, onde há múltiplos bloqueios ou artérias muito danificadas, a cirurgia de revascularização miocárdica, popularmente conhecida como "ponte de safena", é a opção mais indicada. Nesse procedimento, utilizamos enxertos de veias ou artérias do próprio paciente para criar um desvio (bypass) que contorna o bloqueio, restabelecendo o fluxo sanguíneo adequado ao coração. Essa é uma cirurgia que realizo com frequência e que tem altas taxas de sucesso, mesmo em pacientes idosos. Tratamentos Clínicos e Preventivos Além dos procedimentos cirúrgicos, é fundamental adotar um tratamento clínico personalizado, que inclui medicamentos para controle de pressão arterial, colesterol e diabetes, além de mudanças no estilo de vida, como dieta balanceada, exercícios físicos regulares e abandono do tabagismo. Essas medidas são essenciais tanto para prevenir o avanço da doença quanto para garantir uma recuperação eficaz após a cirurgia. Recuperação Pós-Cirurgia A evolução tecnológica tem revolucionado a cirurgia cardiovascular, permitindo procedimentos mais precisos e seguros. Hoje, utilizamos técnicas como a cirurgia robótica e a cirurgia minimamente invasiva, que reduzem o tempo de recuperação e os riscos associados, especialmente em pacientes idosos. Além disso, a recuperação pós-cirúrgica é uma fase fundamental, e investimos em protocolos de reabilitação cardíaca personalizados, que incluem monitoramento contínuo, exercícios supervisionados e ajustes medicamentosos. Esses cuidados garantem que o paciente retome suas atividades com segurança e qualidade de vida, independentemente da idade. Como cirurgião, é gratificante ver a transformação na vida dos pacientes após esses procedimentos, e reforço que a medicina atual oferece ferramentas poderosas para enfrentar as doenças coronárias com sucesso. A Importância de um Acompanhamento Personalizado Cada paciente é único, e o tratamento das doenças coronárias deve ser adaptado às suas necessidades específicas. Em minha prática, priorizo uma abordagem multidisciplinar, trabalhando em conjunto com cardiologistas, nutricionistas e fisioterapeutas para garantir o melhor resultado possível. A idade pode ser um fator de risco, mas com os cuidados certos, é possível viver com qualidade mesmo após um diagnóstico de doença coronária. Se você ou alguém próximo está enfrentando problemas coronários, não hesite em buscar ajuda especializada. A medicina moderna oferece soluções eficazes, e a cirurgia cardiovascular tem um papel crucial nesse processo. Como cirurgião dedicado a essa área, estou à disposição para esclarecer dúvidas e oferecer o melhor tratamento para cada caso.