Lipedema e saúde cardíaca: Qual a relação?
O lipedema é uma condição crônica e progressiva que afeta principalmente as mulheres, caracterizada pelo acúmulo anormal de gordura em regiões específicas do corpo, como pernas, quadris e braços. Embora muitas vezes seja confundido com obesidade ou linfedema, o lipedema tem características próprias e requer uma abordagem diferenciada. Recentemente, essa condição tem ganhado destaque nas discussões sobre saúde, não apenas por seu impacto estético e funcional, mas também por suas possíveis implicações na saúde cardiovascular.
O que é lipedema?
O lipedema é uma desordem do tecido adiposo que causa um aumento desproporcional da gordura corporal, geralmente simétrico e bilateral. Ele afeta cerca de 11% das mulheres em todo o mundo, segundo estudos recentes. A condição é frequentemente subdiagnosticada, pois seus sintomas podem ser erroneamente atribuídos ao ganho de peso comum ou ao envelhecimento. Entre os sintomas mais comuns estão dor ao toque, sensibilidade, inchaço e facilidade para hematomas.
Lipedema e saúde cardiovascular
A relação entre lipedema e saúde cardíaca ainda está em investigação, mas já existem indícios de que a condição pode contribuir para fatores de risco cardiovascular. O acúmulo excessivo de gordura, principalmente nas pernas, pode levar a complicações como:
Insuficiência venosa crônica: O lipedema pode comprometer a circulação sanguínea, aumentando a pressão nas veias e levando a problemas como varizes e trombose venosa profunda. Essas condições, por sua vez, elevam o risco de eventos cardiovasculares, como embolia pulmonar.
Inflamação sistêmica: Estudos sugerem que o tecido adiposo no lipedema é metabolicamente ativo e pode liberar citocinas inflamatórias, que estão associadas ao desenvolvimento de aterosclerose e outras doenças cardiovasculares.
Mobilidade reduzida: A dor e o inchaço causados pelo lipedema podem limitar a atividade física, contribuindo para o sedentarismo, um fator de risco conhecido para doenças cardíacas.
Obesidade e síndrome metabólica: Embora o lipedema não seja causado pela obesidade, muitas pacientes com a condição também apresentam sobrepeso ou obesidade, o que aumenta o risco de hipertensão, diabetes tipo 2 e dislipidemia – todos fatores de risco cardiovascular.
Dados e estudos recentes
Um estudo publicado no Journal of Clinical Medicine (2022) destacou que pacientes com lipedema apresentam níveis mais elevados de marcadores inflamatórios, como proteína C-reativa (PCR), em comparação com indivíduos sem a condição. Outra pesquisa, realizada na Alemanha, mostrou que 60% das pacientes com lipedema relataram histórico familiar de doenças cardiovasculares, sugerindo uma possível ligação genética entre as duas condições.
Além disso, um artigo de revisão na Circulation (2021) enfatizou a importância de abordar o lipedema de forma multidisciplinar, incluindo cuidados cardiovasculares preventivos, como monitoramento da pressão arterial, perfil lipídico e avaliação da função vascular.
Exemplos práticos
Imagine uma paciente de 45 anos com lipedema em estágio avançado. Ela relata dor constante nas pernas, dificuldade para caminhar e histórico de varizes. Durante a consulta, descobrimos que ela também apresenta pressão arterial elevada e níveis altos de colesterol LDL. Nesse caso, além de tratar o lipedema com terapias como drenagem linfática, compressão e, em alguns casos, lipoaspiração, é crucial implementar estratégias para reduzir seu risco cardiovascular, como mudanças na dieta, exercícios adaptados e medicamentos, se necessário.
O lipedema é uma condição complexa que vai além das questões estéticas, podendo impactar significativamente a saúde cardiovascular. Como profissionais da saúde, é nosso papel estar atentos a essa relação e oferecer um cuidado integrado que aborde tanto os sintomas do lipedema quanto os riscos cardiovasculares associados. A educação e a conscientização são ferramentas poderosas para melhorar a qualidade de vida dessas pacientes e prevenir complicações futuras.
Se você tem lipedema ou conhece alguém que possa ter a condição, procure um especialista para avaliação e acompanhamento. E, claro, continue acompanhando o blog para mais informações sobre saúde do coração e temas relevantes na área médica.










